Por volta das 22h00 do último domingo, 5 de fevereiro, a Polícia
Militar (PM) foi solicitada a atender uma ocorrência de homicídio no pátio do
Posto Horizonte, em Rio Verde/GO.
Corpo da travesti Elen, assassinada com dois tiros no domingo 5/02/12, no Posto Horizonte, em Rio Verde/GO. (Imagem: Site Plantão Policial RV) |
No local, o Sargento Francisco e Soldado H. Moraes encontraram
o corpo de Tiago da Silva Carvalho, 23, conhecido como a travesti Elen, que
era usuária de crack. Segundo informações, a travesti teria morrido imediatamente
após ter sido atingida por disparos de arma de fogo. Uma usuária de drogas,
amiga do jovem, disse que Elen/Tiago frequentava o local há mais de dois anos e
que constantemente se envolvia em confusões porque arrombava as portas dos
caminhões que ficam estacionados no posto desativado, furtando celulares e as
carteiras dos motoristas.
No sistema de informação da policia consta uma extensa ficha
policial da travesti Elen, inclusive por furto. O Posto Horizonte, local
de mais este crime, é frequentado durante a noite por usuários de drogas,
caminhoneiros, garotas de programa, travestis e traficantes.
Testemunhas relataram à polícia que ouviram três disparos de
arma de fogo, e logo em seguida encontraram a travesti caída no meio do pátio. Uma
testemunha que não quis se identificar disse ter visto a travesti sair correndo
de trás de um caminhão que estava estacionado e um homem atirando em sua
direção. Em seguida, esse caminhão saiu do local sem ser possível
identificar o condutor.
Documento tirado por programa de reabilitação social. |
Outra versão que também está sendo investigada pela Policia Civil
de Rio Verde foi dada por uma usuária de drogas que há anos frequenta o local.
Ela disse que viu um caminhão em movimento, passando pelo pátio do posto em
baixa velocidade e o condutor, de dentro da cabine, teria efetuado os disparos.
A movimentação de pessoas no local durante crime foi intensa, porém, ninguém
disse ter anotado a placa do caminhão e nem identificou o motorista. O delegado Alexandre
Câmara e o escrivão José Junior, ambos do Grupo de Investigação da Policia
Civil de Rio Verde, estiveram no local do crime e deram inicio às
investigações. O delegado já ouviu formalmente algumas pessoas que estavam
próximas ao local do crime quando a travesti foi assassinada.
Segundo caso – Na
madrugada do dia 20 de dezembro do ano passado, Fernando Costa Alves, conhecido
como a travesti Patrícia, também morreu após ser atingido por disparos de arma
de fogo no mesmo posto Horizonte, desativado. Patrícia também era viciada em
crack.
Corpo da travesti Elen, assassinada com dois tiros no domingo 5/02/12, no Posto Horizonte, em Rio Verde/GO. (Imagem: Site Plantão Policial RV) |
Nesta reportagem, você confere uma das fotos da travesti
Elen entre seus amigos usuários de drogas, tirada há alguns dias atrás, no
momento em que foram levados pela Polícia Militar de Rio Verde/GO a um ginásio
de esportes, onde era oferecida ajuda para que estes dependentes químicos pudessem
se internar e se libertarem das drogas. Nenhum deles aceitou o tratamento em
uma casa de recuperação de viciados em drogas localizada também em Rio Verde.
ACDHRio e REDELGBT-GO voltam a cobrar providências das autoridades
Em comunicado oficial, a Associação por Cidadania e Direitos Humanos LGBT de Rio Verde/GO e Região (ACDHRio) e a Rede de Organizações LGBT do Interior do Estado de Goiás (REDELGBT-GO) cobram das autoridades competentes maior rigor na apuração dos fatos.
Tanto a ACDHRio. quanto a REDELGBT-GO também solicitaram às autoridades competentes a realização de medidas socioeducativas e culturais, em caráter de extrema emergência/urgência, para tirar travestis do submundo das drogas e da prostituição, dando a estas pessoas condições de uma vida digna com o respeito e o incentivo da sociedade.
"Somente priorizando um atendimento psicossocial e uma assistência social sérios e coerente à este segmento da sociedade - as travestis - dando a elas condições de serem cidadãs com dignidade, tendo a compreensão, o respeito e o incentivo da parte da sociedade, é somente desta forma que outras mortes, outros crimes bárbaros, por homofobia ou não, serão evitados", ressaltou o presidente da ACDHRio e da REDELGBT-GO, jornalista Terry Marcos Dourado.