29 de jan. de 2011

Cerca de 3 mil pessoas na 1a. Parada LGBT de Rio Verde/GO e Região


(*) Nosso sistema operacional do blog sofreu pane crítica, tivemos que recriar o blog e, por esta razão só conseguimos recuperar e reproduzir neste novo blog parte do nosso arquivo de postagens. A postagem abaixo é uma recuperação de arquivo postado em 2010.

     Apesar das inúmeras dificuldades causadas por evangélicos das igrejas Assembleia de Deus e Presbiteriana, e também por rixas de gays adversários, a Associação por Cidadania e Direitos Humanos LGBT de Rio Verde (GO) e Região realizou, neste domingo, 12 de setembro de 2010, a 1a. Parada da Diversidade e Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) de Rio Verde/GO e Região. Mesmo sem trio elétrico e com uma estrutura improvisada, o evento reuniu cerca de 3.000 (três mil) pessoas na concentração realizada no Calçadão da Avenida João Belo, em frente ao Parque de Exposições Agropecuárias. O tema/lema escolhido foi “Valorize sua Cidadania. Vote Contra a Homofobia!”
     Em razão da ACDHRio ser uma ONG com apenas seis meses de existência, a mesma não pode pleitear recursos e financiamentos governamentais, e assim, o evento só foi possível graças às doações de produtos e serviços por membros da comunidade rio-verdense.
     Um grande trio elétrico foi doado para a organização da parada, mas na manhã do domingo, quando o mesmo era preparado para ser decorado e a plotagem eleitoral ser tapada com tecidos, alguns gays rivais dos promotores de festas LGBT em Rio Verde - Elifas Camargo, Gisele Fernandes e Ronny Lima - da Angel´s Produções, empresa parceira da ACDHRio, e responsável pela festa oficial da Parada, ameaçaram formalizar denúncia à Justiça Eleitoral, caso o trio fosse utilizado. O grupeto alegava que o trio havia sido doado a eles e não à organização da Parada, fato inverídico.
     Diante do impasse entre os grupos de promotores de eventos LGBT em Rio Verde, o presidente da ACDHRio, Terry Marcos Dourado, dispensou o trio elétrico duas horas antes do início da concentração. E, em pouco mais de duas horas, o pessoal da Angel´s Produções providenciou uma nova estrutura para a Parada.
     No lugar do trio elétrico devolvido, foi improvisado um palco em um caminhão. Uma equipe de som foi contratada para animar a festa da concentração que começou com duas horas de atraso. Aos poucos, o público começava a chegar, de forma tímida e desconfiada.
     Caravanas de diversas cidades de Goiás e do Mato Grosso do Sul estiveram presentes na festa da diversidade em Rio Verde. Convidado pela ACDHRio, o Mister Brasil Diversidade Mato Grosso do Sul, Carlos Giffanni, foi uma das presenças vips da Parada.
     O ativista Eurípedes Silvério, presidente da Associação da Parada LGBT de Goiânia, representando a presidente do Fórum Goiano de Transexuais, Beth Fernandes, foi a única autoridade LGBT de Goiás presente na Parada LGBT de Rio Verde. Ao final da tarde, mais de mil pessoas deixaram-se contagiar por drags, anjos, fadas e outras alegorias que desfilavam pela avenida. No começo da noite, por volta das 18h30, um carro de som substituiu o trio elétrico e deu início à Parada.
     Por onde a Parada desfilava, aumentava a quantidade de curiosos nas calçadas. Uma multidão se aglomerou na Avenida Presidente Vargas, na região do Shopping Rio Verde para ver a Parada passar. Aos poucos, os rio-verdenses perdiam o medo e a timidez e se juntava às drags e aos LGBT na Parada. Centenas de carros e motos seguiam a Parada. Aos poucos, os rio-verdenses foram contagiados pela energia e a alegria dos participantes do evento. Na pista contrária da Avenida Presidente Vargas, uma enorme fila de carros chegou a parar para ver a Parada passar. Encantadas pelo brilho de dezenas de flashes de câmeras fotográficas e celulares, algumas drags se emocionaram e choraram em plena avenida.
     Cerca de duas horas depois de ser iniciado, o percurso da Parada foi concluído no estacionamento do estádio Mozart Veloso do Carmo. Não houve registros de incidentes e nem de acidentes durante o trajeto. Cerca de 15 minutos depois da Parada ter sido encerrada e o som ter sido desligado, a polícia militar, de forma correta e exemplar, pôs fim à uma briga de travestis ocorrida entre o estádio e o ginásio de esportes Jerônimo Martins. Aos poucos, as pessoas eram contagiadas pela energia e alegria das pessoas LGBT e "se jogavam" no meio da Parada. Em todo o percurso, cerca de três mil pessoas participaram da Parada.
     Apoios Institucionais - Um fato marcante da 1a. Parada da Diversidade e Orgulho LGBT de Rio Verde (evento criado, produzido e realizado pela ACDHRio) foi a grande quantidade de apoios institucionais. A prefeitura garantiu apoio fundamental através das superintendências municipais de Trânsito (SMT) e Meio Ambiente (reguladora dos decibéis sonoros), secretarias da Educação e Ação Urbana e Fundação Municipal da Cultura.
     Outras instituições que exemplarmente garantiram apoio incondicional ao evento foram o 2º Batalhão da Polícia Militar de Rio Verde, 8º Comando Regional da Polícia Militar de Rio Verde e 4º Batalhão de Bombeiros Militar de Rio Verde, este manteve uma unidade de resgate durante todo o período de duração da concentração e da Parada. Ao contrário da realidade de outras cidades, o comando do policiamento de Rio Verde fez questão de se reunir com o presidente da ACDHRio, Terry Marcos Dourado, para definir o esquema de policiamento ostensivo e preventivo em todo o tempo de duração do evento.
     A ACDHRio está satisfeita com a atuação da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros e agradeceu a ambas as instituições pelos serviços prestados com respeito e dignidade os participantes do evento, sem preconceito ou qualquer distinção contra pessoas LGBT.
     Evangélicos - No sábado, 11, o presidente da ACDHRio, Terry Marcos Dourado recebeu várias informações sobre um suposto abaixo-assinado que teria sido preparado pelas igrejas evangélicas Assembleia de Deus e Presbiteriana do Brasil na tentativa de forçar a prefeitura a impedir a realização da 1a. Parada da Diversidade e Orgulho LGBT de Rio Verde/GO e Região, mas não lograram êxito.
     Ao ser informado da situação, o presidente da ACDHRio, durante a reunião com o comando da Polícia Militar local, solicitou maior proteção no sentido de impedir qualquer tentativa de protestos ou manifestos de evengélicos nas proximidades da concentração e locais de passagem da Parada. A Polícia Militar atendeu prontamente a solicitação, mas o evento foi realizado sem qualquer registro de incidentes.